quinta-feira, 21 de maio de 2015

MODELO PETIÇÃO INICIAL - COMPRA PELA INTERNET


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXXXX, ESTADO DO XXXXXXXXX.











REQUERENTE (QUALIFICAÇÃO COMPLETA), vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado infra assinado, conforme instrumento procuratório, propor a presente



AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS

  

em face de REQUERIDO (QUALIFICAÇÃO COMPLETA), pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:


I - DOS FATOS


O Requerente adquiriu no site de revendas online, em data de XXXXXXX uma bicicleta, pagando por esta o valor de R$ 519,47, através do sistema de pagamento “xxxxx”.



O prazo estipulado unilateralmente pela Requerida, para entrega do mencionado produto, foi de 7 (sete) dias úteis. Portanto, a obrigação da Requerida era entregar o produto até o dia xxxxxxxx.



Contudo, após o prazo estipulado para entrega do produto, a Requerida não entregou a bicicleta. Insatisfeito com o fato, o Requerente entrou em contato com a Requerida por diversas vezes, cobrando uma posição e a urgente entrega do produto adquirido, posto que o pagamento pelo produto estava em ordem.



Este fato trouxe enorme desconforto e prejuízo ao Requerente, que adquiriu e pagou por um bem que não está podendo utilizar, pois não lhe foi entregue.



É de se ressaltar que o Requerente é pessoa honrada, honesta, de conduta ilibada, e que cumpre com suas responsabilidades. Este fato atingiu muito a moral do Requerente.

II - DANO MATERIAL


O Requerente como já descrito anteriormente, após adquirir a mercadoria, e efetuar o pagamento, e mesmo após manter diversos contatos com a Requerida não recebeu o produto adquirido. O valor desta compra foi de R$ 519,47 (dezenove reais e quarenta e sete centavos). Aplica-se ao fato em espécie, a previsão legal contida no artigo 42, parágrafo único do CDC, que assim reza:



Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

  

A jurisprudência é pacífica em albergar o direito do consumidor esculpido na norma acima transcrita. Senão vejamos:


RECURSO INOMINADO. (...) COMPRA DE MERCADORIA PELA INTERNET - PAGAMENTO DA PRIMEIRA PARCELA MEDIANTE BOLETO BANCÁRIO - AUSÊNCIA DE ENTREGA DO PRODUTO - DANO MATERIAL CONFIGURADO - RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO VALOR INDEVIDAMENTE PAGO - OBSERVÂNCIA AO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC. DANO MORAL CONFIGURADO - APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 8.1 DESTA TRU. (TRU – PR - Recurso Inominado nº. 2010.0009596-3/0. Relator: Juiz Leo Henrique Furtado Araújo).



Os fatos narrados, impingem à Requerida a culpa por este dissabor experimentado pelo Requerente, cabendo-lhe por conseguinte, a responsabilidade pelo ressarcimento em dobro dos valores pagos. O ressarcimento destes valores deve ser por óbvio realizado em dobro, acrescido de atualização monetária, que visa manter o capital hígido, e de juros moratórios no percentual previsto em lei.



Ora Excelência, o Requerente pagou por algo que não recebeu, está evidente a má-fé do Requerido, que vendeu um produto, recebeu do consumidor, mais não lhe entregou o produto. Isto é inadmissível.

  

III - DO DANO MORAL


Diante de tudo acima exposto, mostra-se patente à configuração dos “danos morais” sofrido pelo requerente. A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988:

“Art. 5º (omissis): V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”


Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores:


“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

(. . .)

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.”

  

A questão suscitada apresenta entendimento pacificado no repertório jurisprudencial da Turma Recursal Única do Paraná, inclusive tendo editado o seguinte enunciado:


Enunciado N.º 8.1-Compra pela internet – não entrega do produto: A demora ou a não entrega de produto adquirido pela internet acarreta, em regra, dano moral.


O consumidor se sentiu inútil, enganado, impotente perante a arbitrariedade e abusividade da requerida que o compeliu a pagar por um produto que não recebeu, resultando, sem dúvida, no abalo psicológico, impondo assim o dever de indenizar pelo dano moral causado ao requerente.



E não se trata apenas disso, foram diversas as tentativas de uma resolução administrativa e amigável ao caso, porém o descaso da Requerida serviu para ultrapassar o mero dissabor, desconforto.



Assim, evidenciados pressupostos para a responsabilidade civil da empresa reclamada, o dano moral dispensa prova concreta para a sua caracterização, que origina o dever de indenizar, eis que suficiente a prova da existência do ato ilícito, pois o dano moral existe in re ipsa.



A condenação em danos morais, não deve ser apenas suficiente para amenizar o sofrimento das vítimas, mas principalmente para dissuadir a Requerida a praticar novo ilícito perante os reclamantes ou a outros consumidores.


IV - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS



Ante todo o exposto, pede-se, digne Vossa Excelência:



a)- condenar a requerida, nos termos do art. 42, P. único do CDC, a restituir em dobro a quantia paga pelo requerente, na compra da bicicleca.

b)- condenar a requerida, ao pagamento de uma indenização, de cunho compensatório e punitivo, pelos danos morais causado ao requerente, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela;



Para tanto, requer, digne Vossa Excelência:



c)- ordenar a citação da requerida, via postal, no endereço inicialmente indicado, quanto à presente ação, para que, querendo, apresente a defesa, sob pena de confissão e revelia.



d)- Conceder a inversão do ônus da prova, ante a hipossuficiência dos requerentes perante a requerida, nos termos do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor.



e)- incluir nas esperadas condenações da requerida, a incidência juros e correção monetária na forma da lei em vigor, desde sua citação;



f)- deferir a produção de provas por todos os meios admitidos em lei, principalmente, oitiva de testemunhas, depoimento pessoal do preposto da requerida, juntada de documentos, dentre outras que se fizerem necessárias ao deslinde da causa.





Dá-se à presente causa, o valor de R$ xxxxxx (xxxxxxxxxxxxx), para todos os efeitos de direito e alçada.

  

Termos em que,

Pede deferimento.



Local/Data

Advogado/OAB

Um comentário:

  1. Excelente petição, enxuta, objetiva e direta tanto na apresentação dos fatos como fundamentação. Nos termos da supra petição, resta juntar os documentos comprobatórios para garantir o deferimento da inicial. Parabéns ao competente trabalho apresentado.

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